Descia um homem de Jerusalém para Jericó, disse o Senhor Jesus. Este homem caiu nas mãos de ladrões, os quais lhe roubando e espancando se retiraram do local deixando-o como quase morto. Mas, pelo mesmo caminho vinha descendo um sacerdote, vendo-o, não o ajudou. Logo depois, um levita, quando viu o homem tomou a mesma atitude do sacerdote, passou e não o ajudou. Estes que não prestaram auxílio ao homem, encontravam-se entre o grupo que escutava as palavras de Jesus.
Jornadeando de Jerusalém para a cidade de Jericó, os viajantes necessariamente tinham de passar por um trecho muito ermo e perigoso da Judeia. Este caminho tinha abruptos e pedregosos barrancos e era infestado de marginais, tendo frequentemente cenas de violências chocantes. Ambos os homens que ocupavam cargos de importância e professavam expor com mui sabedoria as escrituras, também pertenciam a classe escolhida para servir de representantes de Deus perante o povo e que deveriam ter misericórdia em atender o ocorrido, passaram de largo e desejaram não ter ido por aquele caminho, de modo não ter presenciado o ferido.
A obra que eles haviam sido chamados a fazer, era parecida com a que Jesus descrevera como Sua, quando dissera: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois me ungiu para evangelizar aos pobres, e enviou-me a curar os quebrantados de coração, a apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos e a pôr em liberdade os oprimidos.”
Já certo samaritano, seguindo pelo mesmo caminho, chegou onde se achava a vítima. Ao vê-la, moveu-se de compaixão e não se importou em saber se era judeu ou gentio. Se fosse judeu, bem sabia o samaritano sobre suas divergências. Não se preocupou que poderia se tornar uma vítima. Se importou em socorrer um estranho que precisava de ajuda. Após cobrir o homem ferido com seu próprio vestuário, levou para uma hospedagem segura. Ali pagou todas as suas despesas e ainda deixou garantias para qualquer outras necessidades futuras. Pela manhã, estando satisfeito com a melhora do ferido, o samaritano seguiu viagem em direção ao seu destino, orientando ao hospedeiro de que tudo quanto mais precisasse para atender ao necessitado, ele em seu retorno pagaria tudo sem deixar débito algum.
Nesta parábola o Senhor Jesus nos ensina que nosso próximo não é apenas aquele que faz parte de nossa igreja ou que confessa a mesma fé que nós. Nosso próximo é todo aquele que necessita de nosso auxílio. Nosso próximo é toda alma que se acha ferida, abandonada e desesperada. Nosso próximo é todo aquele que é propriedade de Deus.
Esta lição se faz muito necessária nos dias de hoje que vivemos em um mundo onde o egoísmo e a fria formalidade tem quase extinguido o amor e dissipado a graça que seriam assim por se dizer a fragrância do caráter de homens livres e de bons costumes.
Quando confessamos a Cristo somos apenas seus representantes e como tais devemos imitar sua forma de agir e reagir diante de tempestuosas provações durante nossa peregrinação na Terra. Devemos manifestar nosso amor ao próximo independente das circunstâncias.